Deixar a si mesmo é partir sem
ter a necessidade de deixar ou encontrar um lugar. Podemos nos deixar sem
esforço, podemos partir, mas permanecer onde estamos. Deixar de si mesmo é também
e simplesmente, ausentar-se.
Deixar de ir, de marcar presença,
deixar de opinar pode ser positivo. Abrir mão do direito de resposta, deixar de
esperar, diminuir as expectativas, faz parte do processo de negação do eu.
Não mover uma palha, não alterar
o tom, não induzir, deixar de ter razão é uma etapa a ser vencida, se quisermos
nos reinventar. Manter-se em silêncio, desaparecer por um tempo tem sua elegância.
Há um charme nisto.
Deixar de si mesmo é sair de
cena. Não querer que a luz do teatro foque em seu personagem é amadurecer.
Deixar-se em paz até que seu “eu”verdadeiro se manifeste é evoluir.
Ir embora de nós mesmos é ficar
offline. É espiar pela janela enquanto alguém bate no portão, é dopar seu ego.
Deixar a si mesmo não é ficar
estático no meio da estrada mas, antes de tudo, é caminhar para dentro,
percorrendo uma estrada interna, por um caminho que pode levar um longo, longo
tempo.
Autora: Carla Roberta Nunes
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